Por Laura Lucy Dias
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Mas não quero falar só do Raul... Quero falar exatamente de suas
músicas esquisitas. Ele parecia não
ter medo de escrever o que pensava, e realmente pensava muita coisa que nós
mesmos pensamos e nem reparamos. Coisas como “Para Nóia” não poderiam pertencer
a outro que não ele.
Mas porque são estranhas, tais músicas? Não sei explicar, mas acho que
todos podem parar para tentar entender. Sei que me identifico com o fato de
estar com vergonha de Deus ver tudo o que eu faço, ainda quando criança. Mas há
trinta anos ainda havia a utilização de Deus como o regulador das atitudese
comportamentos infantis: “Você não vai querer fazer isso, pois Papai do Céu não
gosta”. Imagina Ele me vendo tomar banho!
Só Raul para escrever isto.
“Metro Linha 743”, tem muita gente que nem ouviu falar, mas já pensou
na sopa de cérebro? Será que é uma metáfora ou ele estava muito louco quando
escreveu? E o pior é o ponto de vista narrativo... que medo!
E a “boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”? Bem
burguês...
Esse ritmo acelerado de pensar nas coisas que demonstrava a
necessidade de assimilação do homem do século passado, que pouco mudou em
relação a hoje, tanto que ainda podemos sair por aí com Paulo Coelho e
encontrar o Silvio Santos pela rua.
É... talvez esquisitas pelas referências, pela falta de mistério, pelo
excesso de mistério, pelo escroto ou mesmo pela liberdade de expressão que
poucos utilizaram como ele. As músicas esquisitas são muito boas, não tenho o
que dizer em relação às outras... Que seja, ouça o que quiser, mas também ouça
Raul! Você vai mudar seu ponto de vista, se ainda não teve esta oportunidade!
Playlist:
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